
APRESENTAÇÃO
As práticas do candomblé são espacializadas de diferentes maneiras: da casa ao terreiro e deste à mata, as relações com elementos da natureza partem de uma cosmologia baseada na comunicação com essas forças.
O alimento para o axé está nesses lugares, considerados sagrados. Práticas proibidas durante muito tempo no Brasil, rituais são feitos, para além dos terreiros, nestes locais, geralmente públicos, gerando uma série de conflitos, especialmente entre aqueles pouco informados sobre a relação intrínseca entre o candomblé e o que denominamos como natureza.
Ao longo do processo de pesquisa, apareceram falas contundentes sobre a importância destes lugares, que reúnem as comunidades de candomblé da cidade.
Um dos mais importantes são os Irôkos da Praça Tiradentes que guardam histórias peculiares sobre a presença negra em Curitiba.
Irôko é o nome dado pela Nação Ketu ao orixá que representa a dimensão do tempo e é senhor de todas as árvores sagradas. Na África, a árvore que é consagrada ao orixá é conhecida como amoreira africana. No Brasil, diz-se que Irôko habita as gameleiras (fícus doliaria) também chamadas de gameleiras brancas, figueira, figueira brancas, entre outros. O número de árvores e o modo como foram plantadas na praça, em círculo, é significativo para o candomblé, o que fez com que fossem escolhidas para as práticas dos cultos e representem um espaço físico imbuído de significação cultural.
Como elemento de uma tradição que não permanece em um passado estagnado, mas dinâmico, os Irôkos da Praça Tiradentes têm a marca de sua história na saída do Egbé Ayè Afoxé Omo Ijesá, bloco que apresenta dimensão étnico-religiosa, formado no final dos anos 70, quando declarou-se a sacralidade do lugar. O afoxé é realizado em forma de cortejo e pode ser considerado um xirê (festa) ou candomblé de rua.
Além dos Irôkos, também foram destacados outros lugares de axé em Curitiba e região metropolitana: as cachoeiras da Graciosa, o Parque Iguaçu e o Cemitério Santa Cândida.

“PROJETO REALIZADO COM RECURSOS DO PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO À CULTURA –
FUNDAÇÃO CULTURAL DE CURITIBA E DA PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA.”