O Inventário

O Estado brasileiro nas últimas décadas tem desenvolvido ações e práticas com o objetivo de valorizar, preservar e garantir a manutenção de manifestações religiosas de matriz africana, como a umbanda, o candomblé e o congado. Manifestações historicamente perseguidas e reprimidas e que, desde a década de 1920, tem sido interpretadas, por intelectuais, políticos, artistas, como parte da cultura brasileira no debate acerca da identidade nacional. Neste sentido, observamos um movimento de institucionalização de iniciativas que contemplam as religiões afro-brasileiras, que antes criminalizadas passam hoje a compor uma das fontes para a construção da identidade cultural brasileira.

Neste projeto temos como objetivo realizar a identificação, mapeamento e documentação referente aos espaços onde são realizadas as práticas religiosas afro-brasileiras na cidade de Curitiba, mais especificamente o candomblé. Alinhando-se a algumas iniciativas realizadas com, ou em parceria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), onde foram também realizados projetos de identificação e salvaguarda para os terreiros de candomblé em cidades como: Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Porto Alegre (RS) e Belém (PA) e Distrito Federal. Assim, podemos inserir Curitiba neste cenário de difusão, valorização e fomento do PCI afro-brasileiro a partir da realização deste mapeamento.

Vislumbrar a possibilidade de um mapeamento de terreiros de candomblé em Curitiba, nos faz também repensar e reconstruir uma memória urbana da cidade focada até pouco tempo atrás em uma herança branca europeizada. Mudanças nos conceitos e nas formas de selecionar os bens culturais, a crescente intervenção dos diferentes grupos sociais e a emergência de políticas culturais participativas, são aspectos que caracterizam esses processos de reconhecimento. Assim, pensando no englobamento dessas dinâmicas, o projeto Lugares de Axé está sendo realizado com um objetivo maior de compor as narrativas produzidas sobre o patrimônio afro-brasileiro que vêm sendo muito lentamente formuladas na cidade de Curitiba, mas também pode ser percebido como um exercício de compreensão do lugar conquistado pelos afro-brasileiros na sociedade curitibana, por meio da documentação, difusão e fomento dos terreiros de candomblé, como forma de legitimar o reconhecimento de seu patrimônio cultural.

Por conta da amplitude do universo a ser pesquisado, estabelecemos como ponto de partida o inventário de 06 terreiros de candomblé, localizados entre a cidade de Curitiba e região metropolitana. Pelos limites que este projeto considera (tempo de execução e recursos) privilegiaremos as casas onde possam se explicitar a diversidade de linhagens de cultos de candomblé, bem como, a ancestralidade das mesmas. Devemos ressaltar que tais critérios e escolhas foram efetivamente definidos ao longo da primeira etapa deste projeto, em debates que incluíam ativamente a participação do povo de santo e seus representantes.

ILE ALAKETÚ IJOBÁ BAYÓ ASÉ NÃNÃ

ILE ASE OYA SEMIN

ILÊ ASÉ EGUNOIA

ILÊ ASÉ IGBÁ AFAUMAN

ILÊ AXÉ IANSÃ EGUNITÁ

ILÊ ASÉ IGBÁ ONIN ODÉ AKUERAN

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